quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Menino.

  Ele era apenas um menino inocente, castigado pela vida, sem mãe, sem pai. Um menino que não sabia o que era família, que nunca foi amado. Ele procurava comida nas ruas vazias da cidade, mas nem sempre conseguia o que comer. Então, ele já estava acostumado a passar fome.



Um dia, o pequeno menino saia andando pelas ruas, tentando achar algo para comer, ele olhou em todas as lixeiras da cidade, mas nenhuma tinha comida. Então, ele deitou-se em baixo de uma ponte, e dormiu profundamente, sonhando em não acordar.


O sonho não fora realizado. O menino acordou com mais fome do que o normal, sabendo que não poderia comer nada. Ele sentia sede, mas não podia saciá-la, morria de fome, mas ainda não morreu. E sem falar na sua idade, oito anos.


O menino nasceu em uma casa normal, com uma família normal, tudo era normal em sua vida. Tinha um irmão e uma irmã. Logo após fazer seis anos, houve uma epidemia na cidade, seus pais morreram, deixando seus três filhos sozinhos. O menino e seus irmãos foram para um orfanato, na mesma cidade em que nasceram.


Logo após chegar ao orfanato, sua irmã de treze anos foi adotada, por uma família carinhosa. O menino ficou feliz por ela.


Passaram-se alguns meses, e o menino tinha vários amigos no orfanato, mas nenhum era tão importante quanto seu irmão, o menino achava que eles iriam ficar sempre juntos.


Um dia, uma mulher de longos cabelos louros foi ao orfanato, e logo se encantou pelos dois. Todos os fins de semana ela ia visitá-los.


E então chegou a esperada decisão, ela decidiu adotá-los.


Chegou o grande dia, os dois meninos estavam muito felizes, pois iriam começar uma vida nova juntos. Porém, quando a mulher foi buscá-los ela deu a triste noticia de que só iria poder levar um. E o menino viu o próprio irmão ser retirado de seus braços.


Ele passou o próximo ano com seus amigos do orfanato, nunca recebendo noticia alguma de seu irmão. Um dia, o menino dormia profundamente, quando foi acordado com batidas nervosas na porta e cheiro de fumaça, havia um incêndio.


O menino correu para fora do orfanato, sem nunca olhar para trás, sabendo que nunca mais veria seus amigos.


E foi assim, sua triste história de vida. Ele nunca tentou encontrar seu irmão, pois sabia que a mulher que o levou não o queria.


Agora ele andava só, pelas ruas.


E o menino, cuja vida toda fora injustiça se chamava Logan.

sábado, 6 de novembro de 2010

Querido Diário,

 Ontem eu estava lendo Diários do Vampiro - O confronto, e na parte em que Elena estava escrevendo no diário dela, ela escreveu dois parágrafos que combinaram com a minha vida, vou escreve-los aqui: 

 ' Vou esconder esse diário debaixo da tábua solta no armário, para que ninguém encontre mesmo que eu caia morta e eles limpem meu quarto. Talvez um dia, quando um dos netos de Margaret vá brincar ali, e cutucar a tábua e puxar, mas até lá, ninguém. Esta diário é meu ultimo segredo. '

 E agora eu estava pensando, seria bonito se, quando achassem o diário, entregassem a ele, mas e se ele já tivesse morto, seria bonito também se entregassem para os filhos dele ou netos, que seja. 
 E se eu morresse ainda quando eu e ele fossemos amigos? E achassem o diário? Eu não me importaria que ele soubesse que eu gostei dele tanto assim. Eu já estaria morta mesmo. 
 Mas e se eu tivesse em coma no hospital? Será que se eu continuasse viva ele iria me odiar, pelo que está escrito aqui? Eu tenho medo de pensar nisto, seria horrível ser odiada por ele. 
 E, pensando agora, será que quando nós formos adultos ele ainda vai se lembrar de mim?
 Talvez, muito talvez, seremos amigos ainda, mas e se não, eu fico imaginando eu, com 30 anos lendo esse diário e tentando lembrar o seu numero. 
 Se eu conseguisse encontrar ele, seria tipo um " Cartas para Julieta"?, só que, ele se lembraria de mim?
 Sabe, eu sinto falta do abraço dele, e, com certeza, quando eu tiver 30 anos, lendo isso ou não, esse abraço seria o melhor abraço do mundo. Do meu mundo. 
 E disso eu sempre me lembrarei. 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

UNTITLED

Eu ainda sentia pontos de queimação no meu corpo, por causa do incêndio. Mas essa dor não se comparava com a que eu sentia agora, a dor da culpa que ia me destruindo aos poucos. Eu sentia culpa pelo que? Eu não me recordava de nada, só do incêndio, mas não consigo entender qual culpa eu tenho nisto.
  Finalmente olho para os lados e reconheço o lugar onde eu estou, era o mesmo prédio que pegou fogo essa noite.
 Minha mãe chorava com todas as lágrimas que podia, chamando pelo meu nome.
 - Mãe, eu estou aqui! – Falei. Mas não aconteceu o que eu pensava, ela não correu para me abraçar e afagar meu cabelo. Ela simplesmente não se mexeu. Será que não me ouviu chamando?
 - MÃE? – Falei mais alto, mas mesmo assim ela não me escutou.
 De repente fui levada mais cedo, naquela noite, minhas memórias cada vez ficando mais fortes, até que com clareza me lembrei de tudo o que ocorreu.

Eu estava no computador, quando faltou luz. Não havia ninguém em casa, então fui até o porão pegar uma caixa de fósforos e uma vela, assim poderia ficar lendo até a luz voltar. Tranquei a porta do meu quarto, deitei na minha cama e coloquei a vela na mesa que havia do lado dela. Peguei meu livro favorito para ler, tinha lido umas 10 páginas quando adormeci. Passaram-se umas 2 horas e eu senti um calor insuportável, tirei todas as cobertas, mas não adiantou, o calor continuava aumentando. Abri meus olhos, mas não conseguia enxergar, pois havia uma fumaça muito densa cobrindo todo meu quarto. Olhei para a mesa ao lado da minha cama e vi que a vela que eu havia pegado caiu no chão de madeira e estava provocando um incêndio. Levantei correndo da cama, mas vi que não conseguiria ir até a porta, no chão havia uma trilha de fogo ao redor da minha cama. Fiquei uns minutos pensando e corri, sentindo queimaduras em minhas pernas. Fui tentar abrir a porta de meu quarto mas ela estava trancada e eu não lembrava aonde estava a chave. Cai no chão, não conseguindo mais respirar, tentei colocar uma blusa tapando meu rosto, como vi num filme, mas não adiantou. Acabei morrendo lá, encostada a porta de meu quarto, lembrando agora, que a chave estava em cima da minha cama.

Era isso então. O sentimento de culpa que passava por minhas veias ocorria por que tinha sido eu que provoquei o incêndio. Agora sim eu entendi por que minha mãe chorava, e não podia me ver. Agora que eu entendia, a culpa estava sumindo aos poucos, eu me culpava mais por não entender o que havia acontecido, por não entender que eu estava morta. Passei as costas da mão pelo rosto de minha mãe, mesmo sabendo que ela não podia sentir, mas por um milagre, ela estremeceu. Vi que uma luz alaranjada, brilhante estava a minha frente, e dentro dela havia meu pai, que morreu a muitos anos.
 - Adeus – falei, sabendo que ninguém podia me ouvir, e entrei naquela luz brilhante, sabendo que agora poderia ter paz.  

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DON'T JUMP

 Sinto o vento batendo em meu rosto, a altura deve estar o deixando tonto.

 Eu tinha medo por ele, em minha mente eu gritava seu nome, sem parar. Eu não sinto mais minhas pernas, pois agora elas corriam sozinhas ao seu encontro. Todos da cidade olhavam para cima, mas sem poder enxergar, em conseqüência as gotas de chuva que caem.
 Essa promessa que ele fez, eu não posso o deixar cumprir.
 Subi as escadas do prédio correndo, por fora eu estava cansada, mas por dentro, eu queria correr mais ainda, para chegar logo.
 Finalmente estava sobre o chão frio do telhado, meus olhos procurando-o, até focalizá-lo. Meus pés criaram vida própria, indo diretamente á ele. Quando olhei para ele, vi que já tinham lagrimas em seus olhos, que desciam em seu rosto, até caírem no chão. Eu não sabia o que falar, tinha que impedi-lo. Mas como? Nada que eu falasse iria impedir. Mas mesmo assim eu tinha que tentar, pois ninguém estava aqui para ajuda-lo. Só eu.
 - Apenas pegue a minha mão, eu vou te dar uma chance. Não pule – Falei, sentindo as lágrimas.
 - Eu grito durante a noite por você – Ele falou, como se estivesse concluindo minha pergunta não feita.
 - Não torne isso real – falei me sentindo um nada – Não pule. Não deixe as lembranças irem embora de mim e de você – Ele sorria, como se estivesse vendo um paraíso.
 - Eu não sabia que você viria. – Falou, sorrinso fraco. – Mas por que você quer me impidir? Eu não vou fazer falta mesmo.
 - Claro que vai – Quando falei essas palavras, instantaneamente eu senti a verdade delas. Ele faria mais falta do que qualquer pessoa. – Por favor, não pule.
 - E se nada puder me fazer voltar atrás? – Ele falou, indo para perto da beirada.
 Pensei um pouco e ja sabia minha decisão.

                                - Eu pulo por você!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

THE CALL

 Eu tinha dado a noticia fazia apenas 2 semanas, e assim tive que ir. Decidi me despedir de todos, até de quem eu não gostava, nunca saberia quando viria eles de novo. Despedir-me dele seria o pior de tudo. Eu não sei se vou agüentar ficar sem ele por muito tempo, mas eu não tinha escolha, eu tinha que partir. Olhei para minhas amigas, e abracei cada uma delas, a saudade já batendo forte em meu peito.
 Chegou a vez dele, eu simplesmente não sabia o que fazer, não queria me despedir. Abraçamos-nos, muito forte, nosso ultimo abraço.
 - Você vai voltar, quando tudo estiver acabado? – Ele pediu.
 - Não sei, nunca se sabe – respondi com um sorriso fraco.
 Olhei em seus olhos, aquilo que começou com um sentimento, agora já é como um grito de guerra. Tudo que eu preciso, é saber quem são meus amigos, pois nunca me esquecerei deles.
 - Quer dizer, então, que você não sabe se pode voltar? – Ele pediu, olhando para o chão.
 - Não sei – falei baixinho.
 - Mas você nunca vai se esquecer de mim né ?
 - Claro que não – Eu nunca me esqueceria, como poderia? Foi a pessoa mais importante que já passou pela minha vida.
 - Faz assim – Ele disse apontando para uma estrela – Está vendo aquela estrela ali? – Ele continuou quando balancei positivamente a cabeça – Sempre que você olhar pra ela, você vai se lembrar de mim, combinado?
 - Sim – As lagrimas já tentavam escapar sobre meus olhos.
 Então era isso, era a hora. Abraçamos-nos mais uma vez, e eu entrei no carro. As lagrimas que eu tentava conter todo esse tempo, agora já saiam de meus olhos e escorregavam no meu rosto. Quando o carro começou a partir, eu só olhava para o céu, nunca me esqueceria aquela estrela, nunca. Toda a noite olharia para ela.
 O que eu mais queria era estar de volta ao começo. Então fiz uma promessa silenciosa:
 “ Eu voltarei quando você me chamar, não há porque se despedir”

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

BURY THE CASTLE

 - Mamãe – Aonde você vai? - A garotinha de 5 anos perguntou.
 - Querida, não sabia que você tinha acordado. A mamãe vai ir à farmácia e já volta.
 Alice sabia que era mentira, sabia que sua mãe jamais voltaria. E tudo por culpa do seu pai. Ela já havia ouvido sua mãe falar que iria embora para sempre.
 - Você não vai voltar, não é mesmo? – Alice falou baixo.
 - Querida... - Julia não sabia o que falar. Será que contava toda a verdade para a filha? – A mamãe vai embora, sim. Mas eu prometo que um dia eu volto para te buscar.
 - Promete mesmo, mamãe?
 - Prometo, meu amor.
 E assim ela se foi. Deixou sua filha sozinha, com aquele monstro de pai. Mas Alice nunca desistia. Ficava esperando por horas, e até dias sua mãe voltar. Até que chegou aos dez anos. Depois de ter ficado 5 anos esperando, ela se deu conta que sua mãe jamais voltaria como havia prometido. Então, Alice fantasiava que sua mãe voltava, a pegava nos braços e a levava embora. Ela tinha seu mundo mágico, um mundo em que seu pai não podia agredi-la. Um mundo onde ela era feliz.
 Aos 15 anos sua vida mudou por completo, ela estava na aula de biologia, quando um garoto de cabelos pretos entrou. Como era em duplas, ele sentou ao lado de Alice.
 - Oi, meu nome é Logan – ele disse sorrindo.
 - Alice.
 Foi assim que começou uma grande amizade.
 Passou um tempo, e Logan descobriu que sentia mais do que simples amizade por Alice. E decidiu contar isso pra ela.
 - Lice... Olha, eu tenho que te falar uma coisa, faz tempo que eu descobri que estou completamente apaixonado por você, mas eu nunca consegui te falar isso, eu sei que você não confia nas pessoas, mas pelo menos tenta. Fica comigo? Eu prometo te fazer feliz, e se você não quiser, eu não insisto mais, eu só tenho medo de estragar a amizade tão bonita que a gente tem. – Logan falou o mais sincero que podia.
  - Logan, eu também to apaixonada por você, eu quero aceitar, mas eu tenho medo que você me deixe como minha mãe fez.
 - Mas meu amor, eu nunca vou te deixar, eu prometo. – Eram as mesmas palavras que sua mãe disse, mas dessa vez Alice sabia que eram verdadeiras.
 E assim eles selaram a promessa com um beijo.
 Sua vida era pra ser um conto de fadas, mas para que ter isso, se seu príncipe encantado está bem ao seu lado? Claro que ao seria o tão sonhado “Felizes Para Sempre”, por que o para não é eterno como nos contos de fadas. Mas poderá ser para toda a vida, até que a morte os separe.
Então ela vai pegar uma pá, cavar bem fundo. E enterrar seu castelo

sábado, 4 de setembro de 2010

MIRACLE.

Alice passou a noite sem dormir, só pensando em Logan. Não podia acreditar que ele se fora. Ela levantou-se de sua cama e foi á cozinha buscar um copo de água. Quando chegou, viu que havia uma pessoa sentada no bando da cozinha. Por incrível que pareça, ela sentiu tudo, menos medo.


Ela ligou a luz e se virou, lá estava ele. Alice sabia que quando as pessoas perdiam alguém querido, elas os vêem por toda a parte. Mas, olhando para aquele sorriso, ela sabia que não era alucinação. Não podia ser.

- Você esta mesmo aqui – Era para ser uma afirmação, mas pareceu mais uma pergunta.

- Sim – ele disse, e por um milagre sua voz era a mesma.

- Mas como? Quer dizer, você não estava... – Ela já sentiu lagrimas rolarem por seus olhos.

- Ei! Calma... – Ele disse abraçando-a. Seu abraço também continuava o mesmo, o melhor abraço do mundo. – E sim, eu continuo morto.

- Mas como eu posso te ver?

- É que eu quero que você me veja – Ele disse e seu sorriso aumentou mais ainda.

- E a sua mãe, pode te ver também?

- Não - Ele falou meio triste – Eu só posso aparecer para uma pessoa, e por isso escolhi você.

- Mas por que você não a escolheu?

- Porque, ela eu sei que vai superar isto algum dia, mas você, eu temo que não. Parece que você morreu comigo.

Sim, ele estava certo. Quando Logan morreu, uma parte de Alice – a parte da alegria, do amor – partiu também.

- Então, quer dizer que você pode ficar para sempre? – Ela pediu, sentindo esperança em sua voz, e um sorriso no rosto.

- Não, infelizmente logo desaparecerei – Quando ouviu isso, ela sentiu seu sorriso desaparecer. – Mas por isto eu estou aqui, para dizer que eu sempre ficarei esperando você se juntar a mim, mesmo que demore.

- Eu já vou estar velha – Ela disse assustada.

- Isso não importa pra mim, eu sempre te amarei da mesma forma – Ele falou sincero.

Alice parou para pensar um instante, e viu que ela não iria precisar esperar muito, ela sabia onde sua mãe guardava a arma, foi para lá e pegou-a

Só um simples toque. Rápido, sem dor.

Alice colocou a arma ao lado da cabeça, não no coração, pois ela ainda queria o sentir batendo.

- Meu amor, não faz isso – Logan tentou tirar a arma de Alice, mas ele não tinha mais forças. A morte tira isso da gente.

- Um, dois, três – Ela contou mentalmente.

E puxou o gatilho.



JORNAL DA MANHÃ
MILAGRE EM ERECHIM

 Ontem à noite, aproximadamente as 23h51min, a estudante Alice foi encontrada morta na cozinha de sua casa. Foi encontrada uma arma junto á ela. Todos de sua família acham que ela se matou por causa da recente morte de seu namorado Logan Parker.


Mas porque essa noticia tão triste seria um milagre?


Foi encontrado as digitais de Logan perto da cena do crime. Mas não é só isso. Por algum milagre, essas digitais formavam exatamente o desenho de um coração partido.

O amor poderá ser para sempre.